No dia 19/07 aconteceu, de forma on-line, um encontro de masculinidades negras que trouxe uma conversa profunda e necessária sobre liberdade, afeto e ancestralidade. A provocação inicial foi sobre como lidamos com a liberdade sexual, a responsabilidade afetiva e a ancestralidade negra, e como esses elementos se conectam nas nossas escolhas amorosas e de relacionamento.
Foi questionado por que decidimos ser monogâmicos ou não-monogâmicos. Será que todos nós, no fundo, somos não-monogâmicos, mas a sociedade nos força a seguir a monogamia? Ou será que a própria sociedade se estruturou de forma monogâmica porque essa já era uma tendência humana? E será que é possível amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo?
Outro ponto importante foi pensar se a monogamia, criada historicamente para perpetuar heranças e propriedades, ainda faz sentido nos dias de hoje ou se já ganhou novos significados que nos fazem continuar seguindo esse modelo. Ao mesmo tempo, discutiu-se como a não-monogamia também pode reproduzir masculinidades hegemônicas e privilégios — e que, em alguns casos, ela não é tão “libertária” quanto parece.
Também se refletiu sobre como é arriscado acreditar que uma única pessoa dará conta de todas as nossas necessidades e como, nesse processo, podemos cair na armadilha da hipersexualização de corpos negros. Foi debatido que muitas vezes buscamos padrões para aliviar nossas dores e que existem diversas formas de amar que podem contemplar melhor os afetos que as pessoas negras precisam.
Ficou claro que uma relação não-monogâmica não significa “ficar com qualquer um sem compromisso”. Assim como qualquer modelo, ela tem desafios, exige diálogo e responsabilidade. As conclusões giraram em torno da importância de não hierarquizar relações — não colocar o relacionamento romântico como prioridade absoluta, esquecendo das amizades, da família, do trabalho e, principalmente, da relação consigo mesmo.

O encontro terminou reforçando que não existe um “certo” ou “errado” entre monogamia e não-monogamia. São apenas modelos diferentes, e o essencial é que qualquer relação seja construída com diálogo, respeito e equilíbrio entre afeto e sexualidade. Afinal, amar, de qualquer forma, é sempre um ato de responsabilidade.
É isso, até mais pluriverso!