Educação financeira na vida de homens negros é tema de roda de conversa on-line do Pluriversais

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No último sábado (22/03), nós, do Pluriversais, realizamos nosso encontro on-line mensal com o tema “educação financeira”.

Esse encontro é um exemplo de como os dois formatos, presencial e on-line, do nosso grupo, além de se complementarem, reúnem pessoas de diferentes localidades e necessidades. Além disso, percebemos que, apesar de explorar a mesma temática, cada um tem sua riqueza específica e nos trás diferentes perspectivas.

O debate começou decorrendo sobre pontos que seriam fundamentais para sulear* a discussão como: raízes históricas, desigualdade financeira, acesso ao mercado de trabalho, o por que do empreendedorismo negros, cuidados com o consumo, endividamento e as barreiras de créditos.

A conversa seguiu como sobre assuntos como – investimentos e construção de patrimônio – estão pouco presentes nos ensinamentos diários. Também abordou que o letramento financeiro e a formação para jovens negros como um dos possíveis caminhos.

Um ponto bem explorado no diálogo foi sobre “consciência de classe”, pois os participantes puderam fazer suas colocações, dentro das sua realidade, muito conscientes de quem são, refletindo a respeito dos seus lugares dentro da pirâmide social da sociedade brasileira.

Outro aspectos de destaque foi a discussão de que, mesmo sem educação financeira ser ensinada de forma direta e/ou formal, pessoas negras possuem aprendizados adquiridos ao longo da vida, por meio de amigos e principalmente da família. O que nos traz a consciência da necessidade dos cuidados com a dimensão financeira e maior conhecimento sobre assunto – por exemplo, investimentos.

O fio condutor do encontro se deu a respeito da importância de como saúde financeira precisa caminhar junto da saúde mental.

Diante disso, separamos alguns tópicos dos assuntos levantados e aprendizados do encontro:

  1. Não ignorar os aprendizados que acessamos ao longo da vida;
  2. Ter mais de uma fonte de renda;
  3. Se pagar pelo trabalho realizado:
  4. Organizar melhor os hábitos (inclusive os alimentares);
  5. Investir em educação, mas tendo o cuidado de observar o mercado de trabalho;
  6. Falar de educação financeira é perspectiva de futuro – o ponto principal é entender o que fazer para conseguir sobreviver e melhorar gradativamente essa sobrevivência;
  7. Talvez nem sempre a minha primeira opção de formação seja a mais importante pra mim – muitas vezes ela será a ponte para a realização dos nossos sonhos;
  8. Não focar somente nos objetivos financeiros, mas também nos objetivos de vida;
  9. Trace os caminhos que fazem sentido pra você!
  10. Inventividade e criatividade no ajudam a traçar novos caminhos e possibilidades;
  11. No exercício de se enxergar socialmente, não ignorar e nem se envergonhar de ser quem é – saber onde nós estamos na pirâmide social e aprender a melhor forma de lidar com tudo isso;
  12. Educação financeira e saúde mental caminham juntas;
  13. Não espere que pessoas que não vivem a sua realidade te compreendam. Mantenha o foco e entenda a melhor forma de lidar com o seu dinheiro;
  14. Busque entendimento e conhecimento por meio de especialistas:
  15. Ser chamado de “boy” na quebrada é xingamento, mas se ser boy é ter dinheiro, qual o problema em ser boy?
  16. Educação financeira é criar uma relação sadia com o dinheiro.
  17. Como eu consumo? Desorganizadamente? Consumo consciente?
  18. Falta de dinheiro desestabiliza, pq vou romantizar ou naturalizar ficar sem dinheiro?
  19. Ser dinheiro não é ser incompetente;
  20. Tirar a satisfação e a felicidade exclusivamente do lugar do financeiro e direcionar para outras áreas da nossa vida;
  21. Referências negras no mundo financeiro ou na nossa área de atuação contribuem para nos vermos possíveis nos espaços;
  22. ⁠Homens pretos, emponderados e que estabelecem uma relação saudável com o dinheiro é revolucionário e subverte a lógica racista e capitalista.

É isso, pluriverso!
Até nosso próximo encontro sobre Colorismo.

*Sulear é uma contraposição ao nortear, onde povos do sul global buscam se guiar a partir dos seus próprios referenciais, ao invés da norma eurocêntrica que trata como única referência possível de vida, o norte global.